Estou terminando de ler o livro: “A Magia da PIXAR” de David A. Price, muito bom, ele conta a estória da Pixar com toda a trajetória de seus integrantes até o estúdio conseguir o seu lugar ao Sol.
É interessante notar a paciência de Steve Jobs que durante anos sustentou algo que não dava retorno, entre outras coisas como a guerra declarada entre a PIXAR e a Dreamworks. Deu pra perceber que animação realmente não é algo barato e que não se faz sozinho, é preciso de investidores interessados e colaboradores entusiasmados.
Isso não é novidade, mas o que achei interessante foi a confirmação de algo que eu já vinha ouvindo que é o fato de a parte mais cara de um filme de animação não ser a compra de computadores ou software e sim manter o sustento de uma equipe por alguns anos.
“Mas não são os computadores que fazem tudo sozinho?”, felizmente não, por mais que produzir animação seja um “processo industrial” nenhuma máquina substitui a criatividade e o sentimento humano, sendo assim, nada mais justo que pagar um bom salário á uma atividade que consome anos das pessoas envolvidas em troco de bons momentos dos espectadores e retornos milionários a seus investidores.
Só para citar, a Disney espera que Toy Story 3 gere US$ 2,4 bilhões em vendas globais ao longo de 2010, nesse caso investir alguns milhões durante alguns anos para se ter o retorno em bilhões em apenas um ano vale muito o investimento.
“OK! Vamos investir então!”
Perai, calma! Respire fundo, agora sim, vamos por partes.
Nossa indústria ainda está em desenvolvimento, não temos uma grande massa de mão de obra pra produzir tudo, mas já á algum tempo escolas vem surgindo e formando esse pessoal.
A questão dá mão de obra se resolve com o tempo, mas e a figura do investidor, será que o temos por aqui? Acho que não, basta observar quem vem trilhando caminhos por aqui como o Fábio Yabu e o Maurício de Sousa, por exemplo, que acabam tendo que ir para fora do País em busca de parcerias, sem contar que muito do que vem sendo produzido atualmente se deve á co-produções internacionais ou financiamentos do governo, ou seja, não serão todos que terão suas idéias transformadas em desenhos animados.
Lá fora enquanto temos empresas como a Hasbro e a Bandai que investem na produção de desenho animado, o que temos aqui? Temos uma questão lógica e compreensível consolidada por aqui que é o consumo de desenhos animados através da TV aberta. Para as emissoras é muito mais barato comprar os direitos de exibição de uma produção já pronta e com audiência garantida do que investir alto em uma produção que não se sabe da garantia do retorno em audiência. Seguindo nessa linha, é muito mais conveniente, por exemplo, as empresas de brinquedos licenciarem produtos de desenhos conhecidos mundialmente.
Talvez seja uma questão de tempo até que os investidores daqui vejam as coisas igual a empresas como a Hasbro e a Bandai, mas talvez nunca vejam, e ai, vamos esperar pra ver?
Acho que vale a pena refletir sobre produções através de acordos em Crowdsourcing, peering, etc..
Esses são alguns dos termos abordados no livro Wikinomics, de Don Tapscott & Anthony D. Williams. No livro eles citam muitos exemplos do que se pode produzir em rede como carros, o projeto Genoma Humano e até aviões. O interessante é que esse processo reduz custos. O ponto é aplicar esses conceitos em produções de desenhos animados.
Acredito que temos um potencial produtivo massivo escondido pelo Brasil, que são animadores fazendo suas próprias produções, porque não organizar esse pessoal e encontrar novas possibilidades para quem tem o sonho de fazer desenho animado?
Esse é um assunto que rende, por isso vou voltar a falar sobre isso em outros artigos, Valeu!
0 comentários → Wikinomics, utopia á vista?
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